Por Ramon Santos Tomaz
A Inteligência Artificial (IA) está transformando profundamente a forma como vivemos. De relacionamentos pessoais à rotina de trabalho, sua presença tem se tornado cada vez mais marcante, e os benefícios são evidentes: automação de processos, ganho de tempo, acesso facilitado ao conhecimento, personalização de experiências e, acima de tudo, mais eficiência.
Porém, junto a essas vantagens, surge uma preocupação essencial: como garantir que os dados e informações processados pelas IAs sejam utilizados de forma ética, segura e em conformidade com as leis brasileiras, como a LGPD?
Esse questionamento é ainda mais relevante quando pensamos na popularização do uso de ferramentas de IA dentro das empresas, desde assistentes virtuais até sistemas que utilizam prompts automatizados. O uso inadequado dessas tecnologias pode expor a organização a sérios riscos, como o vazamento de dados sensíveis, decisões automatizadas enviesadas, falta de transparência no tratamento de informações culminando numa responsabilização jurídica.
Para que as inteligências artificiais funcionem, é essencial que elas tenham acesso a grandes volumes de dados. Esses dados, que muitas vezes incluem informações pessoais, são coletados, organizados e processados por enormes bancos conhecidos como Big Data, que alimentam e “treinam” os sistemas de IA para que eles identifiquem padrões e tomem decisões.
Diante disto, é normal que surjam dúvidas sobre como nossos dados estão sendo usados, principalmente quando envolvem interesses comerciais. Para proteger os direitos dos titulares, surgiram leis como a LGPD no Brasil e o GDPR na Europa, que servem justamente para garantir que o uso das informações, inclusive pelas inteligências artificiais, seja feito de forma clara e adequada.
As empresas que escolhem adotar a inteligência artificial em seus procedimentos, precisam estar atentas a alguns desafios importantes. Isso deve fazer parte do seu planejamento, não apenas para seguir as leis e regulamentos, mas também para garantir o uso ético e responsável da tecnologia, alinhado às boas práticas do mercado. Entre os principais pontos de atenção, estão: Uso indevido de dados pessoais; Decisões automatizadas sem transparência – quem se responsabiliza pelas escolhas feitas pela máquina? Risco de vazamentos; Discriminação nos algoritmos.
Quando esses dados não são tratados com o devido cuidado, os prejuízos podem ser grandes, e vão muito além de multas ou sanções administrativas. Um dano à reputação de uma empresa pode ser fatal à sua vida útil. Muito mais do que multas.
Por isso, toda organização que utiliza IA e lida com dados pessoais, sejam sensíveis ou não, precisa adotar algumas boas práticas no dia a dia. Algumas medidas são imprescindíveis para garantir a conformidade, das quais exponho a seguir:
- Alinhar o Uso de IA às leis de proteção de dados; criar políticas internas claras; fazer auditorias internas regulares; investir em segurança da informação; Capacitar o time ;Nomear um DPO; Dar transparência ao uso dos dados; Elaborar o RIPD quando necessário.
Neste novo cenário corporativo (e fora dele), encontrar o equilíbrio entre inovação e privacidade é imprescindível para a saúde de seu negócio. Para que a Inteligência Artificial realmente contribua para o crescimento das empresas, é essencial que seu uso esteja firmado no pilar da responsabilidade. Isso passa por ter regras bem definidas, capacitar as equipes, manter processos de auditoria funcionando e, acima de tudo, garantir que haja supervisão humana em cada etapa importante.
Com a velocidade em que a IA avança, fica cada vez mais urgente discutir o uso ético dessas ferramentas. A proteção dos dados dos usuários não pode ser vista como um empecilho para a inovação, pelo contrário, ela precisa ser um dos pontos importantes de qualquer solução tecnológica que queira se manter sustentável e confiável a longo prazo.
O uso consciente da IA, portanto, além de uma questão legal, é uma escolha estratégica.